O AVC (Acidente vascular cerebral), conhecido também como derrame cerebral, ocorre quando há um entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, propagando com isso, a paralisia da área cerebral que ficou sem a circulação sanguínea. O AVC e a idade avançada possuíam uma correlação muito alta, entretanto, pessoas com menos de 30 anos estão sofrendo dessa doença.
Em nosso país, o AVC e a idade causam cerca de 68 mil óbitos por ano e representa a primeira causa de morte e incapacidade na população. No mundo, já são 16 milhões de ocorrências de acidente vascular cerebral por ano, que gera 6 milhões de mortes e 5 milhões de casos de incapacidade.
Tipos de AVC
O acidente vascular é dividido em dos tipos, o isquêmico e o hemorrágico. Essa divisão ocorre, pois o desencadeamento da doença acontece por ações distintas no cérebro, bem como, o grau da gravidade e de suas sequelas.
AVC isquêmico
É o entupimento dos vasos que levam o sangue ao cérebro. Esse entupimento, pode ocorrer por um trombo ou através de um êmbolo. Os especialistas subdividem o acidente vascular cerebral isquêmico em cinco tipos:
- AVC isquêmico cardioembólico;
- AVC isquêmico criptogênico;
- AVC isquêmico aterotrombótico;
- AVC isquêmico de outra etiologia;
- AVC isquêmico lacunar.
AVC hemorrágico
É ocasionado pelo rompimento dos vasos provocando com isso, o sangramento do cérebro. Esse tipo de acidente vascular cerebral não é tão comum quanto o isquêmico, todavia, é o causador do maior número de mortes. Os especialistas subdividem o acidente vascular hemorrágico em dois tipos:
- AVC hemorrágico intraparenquimatoso;
- AVC hemorrágico subaracnoide.
Causas que podem acarretar um AVC hemorrágico
- Infarto agudo do miocárdio;
- Insuficiência cardíaca;
- Endocardite;
- Aterosclerose;
- Aneurisma;
- Vasculite;
- Arritmias cardíacas;
- Sífilis, doença de Lyme e tuberculose;
- Hemofilia;
- Ferimentos no pescoço ou na cabeça;
- Tratamento com radiação na cabeça, pescoço ou cérebro.
Quais são os fatores de riscos?
Alguns fatores podem potencializar as chances de desencadear um acidente vascular cerebral seja ele isquêmico ou hemorrágico, portanto, precisam ser controlados ou evitados. Para ambos os casos, devemos destacar a pressão alta como um grande fator de risco. Veja os outros fatores de riscos a seguir:
- Diabetes;
- Tabagismo;
- Colesterol alto;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Fibrilação atrial.
Em uma entrevista concedida ao Dr. Drauzio Varella, o Neurologista Eli Evaristo informou que:
“A hipertensão arterial provoca alterações nas paredes das artérias que não são necessariamente do mesmo tipo. No caso da isquemia, a longo prazo, ocorre o processo de aterosclerose, ou seja, a deposição de gordura e cálcio na parede do vaso que vai endurecendo lentamente. Desse modo, as placas de aterosclerose vão estreitando a luz do vaso por onde o sangue corre até gerar uma trombose, isto é, o sangue coagula dentro do vaso e interrompe a circulação sanguínea. Portanto, a hipertensão arterial é fator de risco para a aterosclerose, que é fator de risco para o AVC isquêmico. Nos acidentes hemorrágicos, a hipertensão arterial é responsável pela fragilidade de alguns pequenos vasos dentro do cérebro que, com o decorrer do tempo, podem romper-se e provocar sangramento comprometendo a região em que se localizam.”
Vale ressaltar que nessa lista de fatores de riscos, ainda tem os fatores relacionados à idade avançada, o histórico familiar e de AVC, bem como, o sexo, pois mulheres com mais de 75 anos são as mais vulneráveis.
O AVC e a idade evoluída, é uma soma que as mulheres não podem negligenciar! Existem alguns fatores também que precisam ser acompanhados para evitar o AVC:
Os sintomas do AVC
Os sinais corpóreos e mentais que indicam um possível derrame cerebral são:
- Paralisia facial;
- Dormência ou formigamento nos membros do corpo;
- Perda parcial ou total da visão;
- Paresia;
- Hemiplégico;
- Queda, desequilíbrio e tontura.
Alguns sintomas são específicos apenas para o sexo feminino, são eles:
- Falta de ar;
- Agitação;
- Náuseas e vômitos;
- Dores no corpo;
- Convulsões e desmaios;
- Soluços;
- Agitação e mudanças drásticas de comportamentos.
Diagnósticos, exames e condutas necessárias no momento do socorro
Quando for constatada a presença dos sintomas citados acima, é de suma importância ir imediatamente ao pronto-socorro. Sabemos que o desespero pode impedir que o socorrista preste o amparo necessário para com a pessoa que está sofrendo o AVC, todavia, a precisão e agilidade irão definir os graus das sequelas, bem como, assegurar a vida.
É recomendado chamar o resgate, pois no trajeto até o hospital, alguns cuidados já podem ser realizados minimizando os impactos causados pelo acidente vascular cerebral. Entretanto, se a ambulância demorar muito para chegar, recorra ao veículo pessoal ou a ajuda de um terceiro, o tempo será muito valioso!
O diagnóstico perceptivo
O médico e a sua equipe podem recorrer ao diagnóstico perceptivo para se obter informações do quão grave estão as sequelas, bem como, a confirmação da suspeita de um AVC. Eles podem solicitar para a pessoa que ela sorria, a fim de, checar se há um desvio na boca; pedir para que ela levante os dois braços, com o objetivo de constatar se há força eminente nos membros; e pedir para que ela fale uma frase qualquer, para sondar qualquer alteração na oralidade.
Os exames solicitados
Os exames que a equipe médica pode solicitar com o objetivo de visualizar a atmosfera do acidente vascular cerebral são:
- A angiografia;
- A ultrassonografia;
- A ecocardiograma;
- A ressonância magnética;
- E a ecocardiograma.
Veja as possíveis sequelas após o acidente vascular cerebral
Paralisias corporais/ hemiparesia
Os movimentos do corpo são impactados pelo AVC. O lado que ocorrer o acidente irá determinar o lado que será paralisado, ou seja, quando o derrame ocorre no lado esquerdo do cérebro, como consequência o lado direito sofrerá uma hemiparesia, e assim sucessivamente.
É de suma importância não deixar a pessoa que sofreu um derrame cerebral muito tempo deitada, se possível a levante algumas vezes ao dia, ajudando-a manter o equilíbrio e evitando que ela não cai.
Déficit de memória
Essa sequela pode ocorrer dependendo da área que foi afetada. A pessoa tem dificuldade de lembrar-se dos eventos recentes ou até mesmo de lembranças do passado. É muito recorrente a mulher se esquecer do nome do seu cônjuge e dos familiares.
Alterações comportamentais
A vitima do AVC pode apresentar alguns comportamentos discrepantes. Esses comportamentos são muito comuns e precisam do total respeito e compreensão dos outros. Caso esses comportamentos sejam demasiadamente excessivos e estejam colocando a vida da pessoa em risco, é extremamente recomendável a busca de respaldo médico. Explosões de raiva e/ou apatia são as emoções mais identificadas quando ocorre um acidente vascular cerebral.
Depressão
A depressão pós-AVC acomete cerca de 30% das vitimas. O ceifamento dos hábitos costumeiros, da independência, a presença da incapacidade de mobilidade, dentre os tantos outros impedimentos causados pelo acidente vascular cerebral, fazem com que as pessoas adoecem emocionalmente desencadeando a depressão. A terapia ocupacional pode reverter esse quadro e ajudar a paciente elaborar as perdas.
Afasia
A linguagem pode ser comprometida caso a área afetada pelo AVC seja responsável pela fala. A afasia é um distúrbio que faz a pessoa perder o parâmetro perceptivo e cognitivo, ela pode explanar sobre assuntos que não estão em voga no momento da conversa e/ou deixar de responder alguns questionamentos direcionadas para ela.
Apraxia
É a perca da capacidade de se expressar por gestos, bem como, realizar tarefas motoras por contingência. A família pode ajudar na reorganização e na aprendizagem dessas habilidades perdidas.
Negligência corporal
É quando a pessoa que foi vitima de um derrame cerebral, perde temporariamente a capacidade perceptiva da parte do corpo que foi afetada. É como se a mão, o braço, a perna, o pé e todos os órgãos que foram afetados, não fossem reconhecidos pelo seu dono.
Agnosia visual
É a perda parcial ou completa do reconhecimento de objetos visualmente. É uma um processo disfuncional entre a emoção e a percepção visual. A pessoa fica incapacitada de reconhecer os traços do rosto de outros indivíduos.
Lesões no tronco cerebral
As lesões no tronco cerebral são gravíssimas, pois podem impactar na respiração e em outras atividades fundamentais para o organismo, podendo acarretar até mesmo na morte, se não for tratada adequadamente.
TEPT
O TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) é muito recorrente! As pessoas relatam pesadelos constantes e lembranças do dia em que sofreu o acidente vascular cerebral. A pressão arterial também pode oscilar devido ao estresse, bem como, a frequência cardíaca. Portanto, ao presenciar os indícios do TEPT, procure a ajuda de um psicólogo.
Espasticidade
É o aumento do tônus muscular que envolve a hipertonia e a hiperreflexiva. Esse distúrbio motor impede as pessoas de se alimentarem, se locomoverem e cuidarem da higiene. A espasticidade precisa ser tratada, pois pode ocasionar muita dor, rigidez e deformação dos membros.
Reabilitação de pessoas que sofrerem um AVC
A reabilitação/tratamento da pessoa que sofreu um AVC perpassa inúmeras especialidades. É uma ação multidisciplinar, envolvendo médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas.
Tratamento preventivo
A primeira ação a ser tomada é evitar um possível risco de um segundo AVC, portanto, os cuidados emergências são:
- Injetar o medicamento alteplase para afinar o sangue e diminuir a probabilidade das sequelas serem muito graves;
- Em alguns casos, pode ser necessária a trombectomia para remover o trombo do vaso.
Reabilitação pós-tratamento preventivo
A reabilitação da pessoa que sofreu um AVC é analisada no individual, tendo como pressuposto a mitigação ou amenização das sequelas ocasionadas pelo acidente vascular cerebral. Muito do direcionamento da reabilitação, consiste em ajudar o sujeito a lidar com a sua nova realidade e proporcionar melhores condições de vivência.
A reabilitação deve ocorrer o mais precoce possível, isso quer dizer que, tão logo o paciente tenha condições de participar de um programa reabilitativo, o mesmo deve ser iniciado.
Toxina butolínica tipo A contra as espasticidade do corpo
Esse tratamento é requisitado nos casos onde ocorre a espasticidade corporal. A toxina age relaxando a musculatura melhorando a amplitude dos movimentos, diminuindo as dores musculares e proporcionando melhores condições para que a pessoa possa fazer os exercícios fisioterápicos.
Como reverter as sequelas motoras?
Conforme foi citado na matéria, quando a paciente sofre um AVC de um lado do cérebro, ela desenvolve uma fraqueza do hemisfério do outro lado. Por exemplo, um AVC que ocorreu no hemisfério direito, debilitará o lado esquerdo da paciente.
A fisioterapia motora irá focar na diminuição das sequelas motoras. O profissional irá planejar um cronograma de atividades que possam estimular e remodelar os movimentos corporais.
Como reverter as sequelas da linguagem?
Ocorrem sequelas na linguagem principalmente quando os acidentes vasculares cerebrais acontecem no hemisfério direito, pois é a região responsável pela linguagem. A fonoaudiologia será responsável por reprogramar e reeducar a fala. O fonoaudiólogo irá realizar inúmeros exercícios com o objetivo de reverter o quadro clínico apresentado.
O samba como aliado das mulheres que possuem dificuldade no andar pós-AVC
É comum nas pessoas que sofreram um acidente vascular cerebral o andar ceifante e compassado. A perna que sofreu com a paralisia, tende a se deslocar em movimentos circulares que parecem com o comportamento de passar a foice sobre algo. Para as mulheres essa sequela é angustiante, todavia, um ritmo totalmente popular, filho de nossa terra tem colaborado muito com a reabilitação e reaprendizagem do comportamento de caminhar.
O samba ajuda essas mulheres a soltarem e tonificarem a musculatura do quadril e das pernas, bem como, na remodelagem do mecanismo necessário para conseguir andar.
Os benefícios são tão evidentes que especialistas passaram a indicar aulas de samba para as mulheres que foram vitimas de um derrame cerebral. Uma hora no dia, duas vezes por semana já é o suficiente para trazer benefícios e melhoria no caminhar da mulher. O fato de ter sofrido um AVC e a idade avançada não podem ser empecilhos para não cair no samba.
O apoio da família
Além de todo o apoio multidisciplinar, a pessoa precisará do apoio e respaldo familiar, é importante transpassar para ela que a situação não está sendo um fardo, e que todos estão empenhados em sua melhoria. O afeto e as demonstrações de otimismo para com a pessoa que sofreu um AVC colaboram para que não se intensifiquem o sofrimento emocional e psicológico, bem como, para que não haja recusa das atividades terapêuticas.
A pessoa que sofreu um acidente vascular cerebral, precisa se sentir acolhida e amparada, nesse processo de reconquistas e de novas aprendizagens, pois será um velho corpo com novas programações.
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