Você já passou pela aquela situação constrangedora de ter que se sentar de lado para evitar um determinado incômodo? Ou precisou recorrer ao auxilio de uma almofada (do tipo rosca) para se sentar? Viver com o desconforto e o constrangimento causados pela hemorroida ninguém merece!
A vergonha, o medo ou até mesmo a falta de informação podem fazer as pessoas afetadas pela hemorroida adiarem ou evitarem a procura de uma ajuda médica. O que é um erro! Pois, quanto mais rápido a pessoa que sofre dessa doença procurar um especialista, maiores serão as chances de se obter a cura sem ter que recorrer ao procedimento cirúrgico.
Psicólogos acreditam que a vergonha e o constrangimento gerados pela hemorroida estão vinculados ao tabu das fezes, principalmente nos adultos que não gostam de falar sobre o assunto. Evitam defecar em outros ambientes que não sejam seus lares ou em ambientes que se sentem mais a vontade. E demonstram também, um grande desconforto na realização e entrega do exame de fezes. É necessário romper com essa barreira!
O cocô é um resultado natural é de suma importância para o nosso organismo! Vale ressaltar que o hábito de segurar e/ou adiar o desejo de fazer as fezes é uma das causas que podem acarretar em uma hemorroida.
O que é hemorroida?
Primeiramente é bom esclarecer que hemorroida é o nome popular para a doença hemorroidária. O nosso sistema digestivo é composto por alguns órgãos, dentre eles o intestino. A porção terminal do intestino é constituída pelo reto, canal anal e ânus, essa região é vascularizada por veias e artérias chamadas de hemorroidárias.
A doença hemorroidária são dilatações das veias do reto, do canal anal e do ânus. Uma grande parcela de nossas veias e artérias contém um sistema valvulatório, que tem como meta garantir que o nosso sangue siga sua trajetória na mesma direção, sem retornar, até mesmo quando o corpo está contra a gravidade.
Exemplo: As nossas tão estimadas e requisitadas pernas, o sangue dentro das veias corre sempre contra a gravidade (para cima), isso só é possível devido às válvulas, o fluxo sanguíneo sobe e evita o represamento nas pernas.
Entretanto, as nossas veias podem ficar doentes e o sistema valvulatório pode parar de funcionar acarretando nas tão temíveis varizes. As varizes são veias tortuosas onde o sangue fica congestionado (o sangue represado eleva a incidência de trombose e inflamações).
O problema é que as veias e artérias hemorroidárias não foram contempladas por válvulas, com isso, qualquer aumento de pressão nelas propaga um ingurgitamento. De maneira bem simplista as hemorroidas são como varizes das veias e artérias hemorroidárias.
Hemorroida interna
Nesses casos há pontos de inflamações localizados no reto e no canal anal. Devido à internalização da doença, se torna bem complicado para o indivíduo conseguir identificar que está sofrendo dessa enfermidade, pois quase sempre o sintoma identificado é a presença de sangue nas fezes. Algumas pessoas relatam também dores ao evacuar.
Alguns especialistas dividem em graus o estágio da doença em sua versão interna, variando de 1 a 4, sendo o primeiro grau um estágio ameno e o quarto um estágio mais agravado.
1º Grau: o inchaço está escondido no interior do reto ou do canal anal. Há um pequeno aumento das veias;
2º Grau: a hemorroida sai no momento da evacuação, entretanto, ocorre o seu retorno sem o auxílio das mãos.
3º Grau: Nesse grau é necessário colocar a veia inchada de volta para o interior com a ajuda das mãos.
4º Grau: Nesse caso ocorre um aumento tão intenso da veia que ela acaba saindo pela região anal. Nesse estágio pode ocorrer até a saída do final do intestino.
Hemorroida externa
A hemorroida externa é quando as veias se delatam e saem pelo ânus. Ela está muito relacionada ao hábito de forçar de maneira intensa a saída das fezes na evacuação, ou pela prisão de ventre crônica. Os sintomas mais recorrentes são a dor na região anal, com maior ênfase ao evacuar e dor ao sentar, bem como, a presença de um ou vários papos em torno do ânus.
Causas que levam a hemorroida
O inchaço das veias pode ser o resultado de diferentes fatores, veja:
- Uma dieta pobre em fibras;
- Prisão de ventre crônica;
- Diarreia crônica;
- A prática de sexo anal;
- Histórico de hemorroida na família;
- Cirrose;
- Tabagismo;
- Obesidade;
- Gravidez;
- O hábito de beber pouco líquido;
- Gripes e resfriados;
- Infecções anais;
- Reter as fezes quando se tem necessidade de evacuar;
- A permanência na posição sentada por longos períodos.
Sintomas
É importante reforçar que os sintomas variam de acordo com a localização do inchaço ou do papo. Em alguns casos pessoas que sofreram com a hemorroida interna relatam a falta de qualquer desconforto. Entretanto, é muito recorrente o relato de um processo muito doloroso. Os sintomas são:
- O relato de dor ao evacuar;
- A presença de papos endurecidos ao redor do ânus;
- Coceira na região anal;
- A identificação de sangue vermelho vivo no papel higiênico, nas fezes ou até mesmo no vaso sanitário;
- Inchaço ao redor da região anal.
Diagnóstico
O especialista fará a inspeção de toda região anal procurando por alterações. A inspeção ocorrerá através do toque e da observação. No diagnóstico por toque é realizado uma soldagem do reto e do canal anal. Para algumas pessoas são solicitados os exames de anuscopia, sigmoidoscopia e proctoscopia com o objetivo de verificar a região interna.
Caso seja necessário, será solicitado um exame de fezes para identificação de sangue oculto. O médico poderá pedir uma colonoscopia quando a pessoa tiver mais de 50 anos para descartar a hipótese de câncer colorretal ou quando ela sofre de algum tipo de doença do trato digestivo.
Atenção! Hemorroida não vira câncer, todavia, os seus sintomas são parecidos com os cânceres do reto e do ânus. Portanto, é de suma importância a consulta com especialista.
A hemorroida tem cura?
Essa moléstia tem cura e o seu tratamento pode ser realizado apenas por simples mudanças de hábitos. Fazer a ingestão de alimentos ricos em fibras, beber bastante água e evitar por um determinado período esforços físicos. Essas pequenas mudanças podem propagar a diminuição do inchaço e a hemorroida retornará ao estado normal.
É evidente que em alguns casos, mesmo mudando os hábitos e dependendo do grau do inchaço ela não desaparecerá ou retornará para o interior. Nesses cenários é necessária uma intervenção por remédios analgésicos, anti-inflamatórios, pomadas ou cirurgia.
Tratamentos
Como já foi citado o tratamento quase sempre é embasado apenas em cuidados caseiros de fácil execução e de pequenos impactos na vida da pessoa. Entretanto, o médico poderá recorrer ao auxílio dos medicamentos abaixo caso o inchaço insista em permanecer:
Pomadas com corticoides ou com lidocaína
As pomadas com corticoides ou com lidocaína colaboram na redução da dor e do inchaço.
Emolientes e loção de hamamélis
Os emolientes auxiliam na redução do esforço do esfíncter e na constipação (prisão de ventre) resultando no amolecimento das fezes. A loção de hamamélis é eficiente no combate da coceira.
Coagulação infravermelha
É um procedimento não cirúrgico muito rápido. Sua execução consiste na inserção de uma sonda em cima da hemorroida e é aplicada uma luz infravermelha. Essa ação coagula os vasos responsáveis por levar sangue, com isso o inchaço diminui e retrocede. Esse tratamento pode levar algumas semanas para mostrar efeito.
Injeção (escleroterapia)
Apesar da agulha e da seringa que são utilizadas, esse procedimento é indolor. É aplicada uma injeção com um líquido que causa necrose nas veias que estão inflamadas. O resultado é o ressecamento e a absorção delas.
Ligadura elástica
Muito utilizado nos casos mais graves, esse procedimento é realizado com a ajuda da anuscopia. Borrachas são colocadas nas extremidades da veia inflamada ocorrendo o estrangulamento e como consequência a necrose. Após alguns dias a hemorroida sai pelo ânus acompanhada pelo o elástico.
Apesar de parecer trabalhoso a técnica pode ser realizada no próprio consultório do médico. Esse procedimento é recomendado para os graus 1, 2 e em alguns casos o 3. Não pode ser aplicado no grau 4, pois o tratamento é muito doloroso.
Hemorroidectomia milligan ou fergusan
É uma cirurgia realizada sob o amparo da anestesia peridual. O médico remove completamente a hemorroida. As pessoas que fazem esse procedimento relatam sentir dor no pós-operatório.
Hemorroidectomia técnica de longo
É utilizado um aparelho que grampeia as veias inflamadas. É extremamente moderno esse procedimento. O pós-operatório é bem mais suportável.
TDH
O TDH (desarterialização hemorroidária trans anal guiada por Doppler) é uma técnica em que é introduzido um aparelho de Doppler no ânus com o objetivo de descobrir as artérias e as veias hemorroidárias que estão inflamadas. Com uma pequena agulha é realizada a saturação com o propósito de reduzir o fluxo sanguíneo na região afetada pela doença. Com o tempo chegará pouco sangue, a pressão diminuirá acarretando na secagem da hemorroida.
Essa técnica é muito recomendada, pois não é necessária a realização de cortes e o risco de sangramento é muito inexpressivo. Além de a recuperação ser bastante curta a pessoa já consegue retornar a sua rotina em 48 horas.
Banho de assento: o tratamento milenar e funcional
Esse tratamento é bem simplório, mas é muito funcional garantindo o alívio nas ocasiões onde as dores estão muito agudas. Quem nunca escutou a recomendação para fazer um banho de assento para inflamações ou infecções nos órgãos genitais? Pois, saiba que a mesma prática pode ser muito eficaz para as pessoas que estão sofrendo com a hemorroida.
É bem fácil de executar, basta colocar em uma bacia uma quantidade considerável de água morna e sentar-se por alguns minutos. Você pode potencializar os efeitos do banho de assento com as ervas: hamamélis, cipreste ou alfazema, pois elas têm propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, calmantes e adstringentes. Confira a receita abaixo:
Receita de banho de assento
Ingredientes
- 2 litros de água fervente;
- 1 colher de sopa de hamamélis;
- 1 colher de sopa de cipreste;
- 3 gotas de óleo essencial de alfazema.
Modo de preparo
Em uma bacia grande coloque todos os ingredientes e espere até a temperatura diminuir. Quando a água estiver morna sente-se dentro da bacia. É recomendado permanecer por 20 minutos ou até você sentir que a água esfriou.
Para as inflamações mais graves com o objetivo de amenizar o desconforto e as aterrorizantes dores, o banho de assento pode ser feito cerca de 3 a 4 vezes por dia.
Cuidados úteis com a higienização
Alguns cuidados básicos no momento da limpeza da região anal podem fazer a diferença e evitar agravamento da inflamação. São eles:
- Evite o uso do papel higiênico! Ele irrita e propaga ainda mais a inflamação. De preferência pela lavagem da região anal. Você pode recorrer ao lavabo ou a duchinha do chuveiro. Os lenços umedecidos de higienização são recomendados, entretanto, nos casos de hemorroida externa pode gerar dor no momento da passada do lenço.
- Evite permanecer muito tempo na mesma posição! Se você trabalha sentado, caminhe pelo departamento de uma em uma hora. Você pode determinar que a cada uma hora sentado, serão dez minutos em pé. Aproveito para ir beber água, beliscar algum alimento ou ir ao banheiro.
- Já que foi citado no ponto acima ir ao banheiro, preste bem atenção! O vaso sanitário não é cadeira! Fique sentado nele apenas o tempo necessário. Evacuou? Levantou! Não conseguiu? Tente apenas mais tarde!
- Não fique forçando a saída das fezes! Esse comportamento comprometerá as veias e as artérias hemorroidárias.
A hemorroida não é uma doença que costuma gerar um problema mais grave, todavia, na presença de sangramento anal intenso seguido ou não de fezes, se o sangramento persistir por uma semana ou mais e ou ocorrer o endurecimento dos papos procure um médico.
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