Não são poucas as dificuldades de locomoção para idosos no Brasil. E frente ao descaso que o nosso país oferta para com a população com mais de 60 anos, fica o questionamento: o que será do nosso futuro? Sim, questionamos isso, pois sabemos que a população mundial envelhece a passos largos, e a nossa nação não ficará para trás.
E isso não é bom?! Isso é fantástico, pois quando esse fenômeno social ocorre, sinaliza que estamos desenvolvendo tecnologias e ferramentas que estão propondo a longevidade de nossas vidas.
“Em 2012, 810 milhões de pessoas tinham 60 anos ou mais, constituindo 11,5% da população global. Projeta-se que esse número alcance 1 bilhão em menos de dez anos e mais que duplique em 2050, alcançando 2 bilhões de pessoas ou 22% da população global. Já no Brasil, segundo pesquisa do IBGE, a população idosa totaliza 23,5 milhões de pessoas.”
-Ministério dos Direitos Humanos.
Todavia, aqui no Brasil a nossa longevidade implica em um agravante desproporcional, pois se estamos acompanhando os países desenvolvidos na questão do envelhecimento, tropeçamos e negligenciamos fatores básicos para qualidade de vida deles, sim é discrepante como qualquer outra problemática do nosso país.
É uma equação que destoa, pois se estamos garantindo mais tempo de vida para as pessoas, não estamos conseguindo suplantar elementos para fazer a manutenção dessa realidade, ou seja, as pessoas estão alcançado idades até então, não muito comum alguns anos atrás (+ 80 anos), mas são entregues a própria sorte, pois não possuem:
- Acompanhamento médico de qualidade;
- Faltam condições básicas na área da saúde;
- Recursos e promoção do bem-estar do idoso;
- Faltam condições básicas na área de acessibilidade urbana e etc.
Dificuldade de locomoção para idosos no Brasil
Como deu para perceber, a lista de elementos faltantes que garantem a qualidade de vida dessa população é problemática, e já não é uma estória nova para se contar para ninguém. Vamos focar apenas na locomoção dos idosos, pois ao contrário do que se imagina e pintam por aí, eles não querem ficar em casa fazendo tricô, jogando bocha ou assistindo a TV.
Essas pessoas querem continuar a frequentar os espaços que sempre frequentaram, bem como, interagir com a população e fazer tudo o que sempre fizerem e gostam de fazer, bem como, querem experimentar novas experiências. Engana-se, e é uma discriminação achar que idoso e obsoleto são sinônimos.
Todavia, como garantir a locomoção para idosos em nossas cidades? As nossas ruas, conduções públicas e os nossos espaços públicos estão preparados para receber essa população? Não! Entretanto, deveriam! É evidente que algumas leis foram sancionadas, todavia, é um dilema garantir aquilo que está no papel.
Como assim? É bem simples, o nosso administrativo não acompanha o nosso legislativo (por inúmeros agravantes que você já está careca de saber). E se não há meios que garantam a locomoção e a segurança deles, o melhor a se fazer é ficar em casa e não correr riscos (o que é triste e desumano).
Os dilemas de todos os dias
Pelo menos uma vez na vida você deparou com a cena, da luta de uma pessoa idosa tentando subir o degrau do ônibus. Os degraus são grandes e são muitos afastados da calçada e, levando em consideração que essa população já não possui a mesma flexibilidade em seus corpos, se torna uma verdadeira guerra conseguir entrar no transporte público.
Mas a luta não para por aí! Quase sempre o motorista dá a partida sem ao menos observar se as pessoas com mais idade estão seguramente estabelecidas dentro da condução, e volta e meia você presencia os idosos balançando, quando não são arremessados e acabam se machucando. E os assentos com indicação? Esses são ofertados como se fossem esmolas, tanto pela empresa que disponibiliza o transporte, bem como, por nós que insistimos em ficar sentados nos locais que são reservados para eles (idosos).
Você acha realmente que deveriam pedir licença para sentar nos bancos que são reservados para eles? As pessoas com mais de 60 anos, não deveriam nem ter que pedir, os assentos deveriam ficar livres apenas aguardando a chegada delas. E não use a desculpa esfarrapada de que: “não tinha nenhum idoso, por isso eu sentei”, pois isso não cola! Naquele momento não tinha, todavia, no próximo ponto pode subir um, e aí? Você fará cara de passagem, fingirá que está dormindo, ou sairá maldizendo e praguejando a velhice da outra pessoa? Evite! Não sente nesses locais, respeite, pois amanhã você será o idoso.
As ruas e os seus obstáculos
Você já tentou andar nas calçadas e ruas de sua cidade, sem ter que fazer ao menos um desvio de algum obstáculo? Agora imagine um idoso nessa situação, caminhando por uma calçada completamente desnivelada e perigosa? Como garantir o direito de ir e vir nessas condições? Sem contar no medo de sofrer uma queda e quebrar algum osso importante para a sustentação do corpo.
Percebeu que a locomoção para idosos perpassa por muitas questões que não recebem os devidos cuidados? As nossas ruas e calçadas não foram e ainda não são projetadas adequadamente, para receberem os seus moradores no futuro não muito distante, que já está batendo na porta.
O isolamento e o rebaixamento da saúde dos idosos
Ficar em casa quietinho, ninguém merece! Principalmente para quem sempre foi senhor de suas direções e atitudes. O isolamento traz inúmeras complicações para a saúde do idoso.
Como ir ao médico? Ir ao curso? Ir fazer as atividades físicas? Encontrar seus amigos e manter o seu relacionamento, com o pouco que é oferecido e com a falta de segurança de locomoção?
O isolamento acarreta em depressão, ansiedade, estresse e todas as outras moléstias psicomentais que atacam os idosos que estão presos em suas próprias casas. Essa condição reduz a chance deles de interagir socialmente e, quando não há contato com outras pessoas eles acabam adoecendo. O que acaba se tornando uma faca de dois gumes: se saírem estarão entregues a própria sorte, com as inúmeras dificuldades de locomoção, e se ficarem isolados em casa ficarão doentes.
Mais uma conta que não irá fechar!
Vamos acrescentar mais um indicador para as dificuldades de locomoção para idosos no Brasil. É sabido que, as pessoas passarão mais tempo trabalhando, pois devido aos tramites da previdência e da aposentadoria, os cidadãos irão trabalhar mais tempo do que até então era determinado.
Em paralelo, é muito comum você notar o reingresso de idosos no mercado de trabalho, e se eles irão trabalhar precisarão se locomover. Vamos fazer um exercício? Imagina-se fazendo o seu trajeto para o trabalho com o incremento de mais quatro décadas sobre a sua idade.
Você daria conta? Sairia ilesa dessa situação? Enfim, são algumas questões para se avaliar e analisar, por mais que estejamos longe, alguns não tão longe assim de chegar aos 60 anos, como será a nossa locomoção nessas cidades? Será que as leis que até então estão em vigor serão realmente levadas a sério?
Precisamos refletir muito sobre esse tema, pois as dificuldades de locomoção para idosos diz respeito sobre os seus pais, sobre si mesmo e sobre seus filhos no futuro. Todos de um modo geral irão passar por esses dilemas, se não tomarmos medidas significativas agora! Ou deixaremos apenas para pensar sobre o assunto, quando estivermos com mais de 60 anos?
Pensando no agora!
O estatuto do idoso já está em vigor desde de 2003, todavia, há muito do que se conquistar para essa população! Precisamo disponibilizar calçadas mais largas para diminuir o tempo de travessia, bem como, melhorar a transição entres os pedestres. Deve-se rever o tempo entre as três posições dos semáforos. Disponibilizar mais corrimãos pelas escadas, rampas e banheiros públicos.
Os ônibus precisam nivelar os seus degraus na altura das calçadas, bem como, disponibilizar de elevadores e promover treinamentos sobre a acessibilidade urbana dos idosos. Os trens e metros devem rever os seus espaços entre as vias e as plataformas.
Enfim, são inúmeras ações que podem ser tomadas no presente, que irão refletir profundamente em nossos futuros. Gostou? Então deixe o seu comentário sobre o que você pensa sobre o assunto. Participe!