A disfunção erétil ainda é muito pouco abordada no nosso cotidiano. Existe uma lógica negativa em que se admitir ter “falhado” é sinônimo de fracasso e isso não é verdade! Ela é muito mais eventual do que se imagina.
O problema está quando ela é frequente e o caso não é acompanhado por especialistas. O mundo masculino possui inúmeras regras e paradigmas que determinam com mãos de ferro e quase sempre de forma violenta as diretrizes para ser um “macho” exemplar.
E quando o assunto é relação sexual então, os homens precisam estar sempre dispostos, com o manual de macho Alpha decorado na cabeça e apresentar um membro vistoso e rígido, nada menos que uma torre alta e majestosa! Entretanto, por inúmeros fatores o órgão que define a “soberania masculina” pode não demonstrar toda essa “magnitude”.
Toda essa atmosfera de pressão já determinam que o cara vá para a “cama” extremamente ansioso! Pois, ele precisa demonstrar desempenho, desempenho e mais desempenho! Mas, se a ferramenta de trabalho não comparecer?
O “não comparecimento” do membro tem nome e sobre: Disfunção Erétil! Talvez o nome não seja para você tão recorrente, todavia, todos os homens em alguma fase da vida já se questionaram o motivo pelo qual falharam ou o que fariam caso falhassem.
Entenda o que é disfunção erétil
A disfunção erétil é determinada pela perda da rigidez do pênis que impede a penetração no período do ato sexual, todavia, essa dificuldade pode ocorrer para se obter a ereção ou para mantê-la. Pode ocorrer de o pênis ficar ereto, no entanto, ficar flácido antes da ejaculação e essa incapacidade também é conhecida por disfunção erétil.
O mecanismo complexo de uma ereção
Obter uma ereção envolve estímulos externos e internos. Órgãos, nervos, artérias, hormônios e músculos estão envolvidos nessa complexa capacidade da genitália de se alongar e enrijecer.
É necessário que ocorra uma estimulação ou excitação para que o organismo comece a trabalhar com o intuito de aumentar o volume de sangue fluindo para dentro do pênis. Para reter o sangue o pênis conta com duas câmaras esponjosas localizadas em seu corpo. Por serem corpos cavernosos essas câmaras se enchem de sangue expandindo-se resultando em um pênis alongado e enrijecido.
As cincos fases da ereção
A DE (disfunção erétil) pode ocorrer em uma das quatro primeiras fases do processo da ereção impedindo o funcionamento normal. Veja a seguir:
Fase I: Ocorre o preenchimento inicial através da estimulação sexual ou psicológica. Nessa fase os neurotransmissores causam o relaxamento da musculatura lisa do pênis. Com o efeito do relaxamento aumenta o fluxo sanguíneo para as câmaras esponjosas.
Fase II: Nessa fase o pênis está em ereção parcial. Ocorre o aumento do fluxo sanguíneo alongando e expandindo o órgão genital. Expandem-se as artérias penianas, isso se faz necessário, para acomodar o volume sanguíneo fundamental para alongar o pênis. Da segunda fase até a quarta fase é determinado esse período de tumescência.
Fase III: Com a fase 3 ocorre a ereção completa. O Volume de sangue que está no interior do pênis é impossibilitado de sair resultando na expansão do órgão.
Fase IV: A glande e os corpos esponjosos ampliam-se deixando as veias penianas comprimidas. Esse processo é determinante para a elevação da tumescência gerando uma máxima rigidez. É nessa fase que acontece a emissão de espermas e a ejaculação do sêmen.
Fase V: Inicia-se contrações musculares alterando o fluxo sanguíneo para fora do pênis. A saída do sangue resulta na diminuição do comprimento e espessura retornando a flacidez. Essa fase é chamada de detumescência.
Saiba as causas que levam a disfunção erétil
Como foi mencionado no início da matéria existem inúmeras causas que levam a disfunção erétil. Elas podem ser de causas psicológicas, orgânicas e mistas (psicológicas e orgânicas).
Psicológicas
O bem-estar psíquico é um fator determinante quando o assunto é ereção. Alguns tipos de sofrimento psicológicos podem impossibilitar tanto obter uma ereção consistente quanto manter ela no período adequado. Veja abaixo alguns desses sofrimentos:
- Estresse;
- Depressão;
- Baixa autoestima;
- Ansiedade;
- Cansaço;
- Fadiga;
- Culpabilização;
- Preocupações externas;
- Fatores pessoais de grande relevância (exemplo: desemprego);
- Pressão social (medo de falhar);
- Atribulações familiares e/ou amorosas.
Fisiológicas
Algumas doenças podem acarretar na disfunção erétil. Quase sempre a própria disfunção é um alerta do organismo para algo muito mais sério. Alguns procedimentos cirúrgicos também podem resultar na disfunção. Veja abaixo:
- Diabetes;
- Doença de Peyronie;
- Doenças cardiovasculares;
- Problemas hormonais;
- Terapia com fármacos;
- Alcoolismo;
- Tabagismo;
- O uso de drogas ilícitas;
- Traumas neurológicas e corporais;
- Priapismo.
Alguns pesquisadores incluem o envelhecimento como um possível agravante. Pesquisas revelaram que 65% dos homens com mais de 65 anos têm algum tipo de disfunção erétil.
A probabilidade cresce conforme o fator idade, todavia, vale ressaltar que a idade não é a determinante exclusiva, por estarem mais propensos a adquirirem alguma doença e/ou realizarem algum procedimento esse grupo (os maiores de 65 anos) são os mais afetados.
Os efeitos da disfunção na saúde
Muitos sujeitos com disfunção erétil entram em um esquema de culpabilização, em alguns casos ocorrem até uma negação do “ser macho”. Essas frustrações e cobranças, acarretam no agravamento da saúde psíquica! Esses comportamentos são altamente nocivos desequilibrando a autoestima, injetando mais força para uma possível depressão e/ou ansiedade.
O indivíduo que está passando por essa situação, primeiramente precisa ter a consciência que a disfunção erétil é uma resposta de alerta do organismo, avisando que algo mais grave está ocorrendo e que ele precisa procurar um médico com urgência!
A vergonha e o medo precisam ser afastados de lado! O pensamento que se deve prevalecer é: a minha saúde acima de qualquer paradigma ou regra! O ato de se afastar ou esconder dos seus familiares não é a melhor saída, e nem deve ser uma opção!
Dialogar com a pessoa na qual você tem relações sexuais é importantíssimo. Existem muitos casos de sujeitos que rompem seus relacionamentos por causa da disfunção. Esse comportamento é errado!
Disfunção erétil não deve ser um estigma determinador de isolamento social e sexual. O que define um homem vai muito além de apenas uma ereção/coito!
É necessário que o sujeito tenha em mente que ele é um ser muito mais amplo, rico e com inúmeras qualidades. Que ser “homem” não se resume em uma ereção.
Existem tratamentos capazes de reverter esse dilema procure um médico e/ou um psicólogo.
Tratamentos para disfunção erétil
Apesar de ser algo muito recorrente a disfunção erétil, o tratamento deve ser aplicado levando em consideração sempre a individualidade do sujeito, bem como, a sua subjetividade. Para cada caso haverá um tratamento específico seja a disfunção resultante de um fator orgânico, psicológico ou misto. Veja algumas opções de tratamento:
Medicação oral
Essa terapêutica segue uma linha não invasiva. Os medicamentos possuem como objetivo a melhoria do fluxo sanguíneo do pênis, sendo o alvo os vasos sanguíneos. Com a expansão das artérias ocorre a produção da ereção. As pílulas devem ser tomadas em média uma hora antes do ato sexual.
Atenção! Esse medicamento só pode ser receitado por um médico especializado. A ingestão de uma quantia inadequada pode acarretar em sérios acidentes! Não negligencie a sua saúde. Não se esqueça que a disfunção pode ser sinal de algo muito maior.
Acolhimento psicológico
É de suma relevância o acompanhamento com um psicólogo. Através da terapia podem ser elaborados esquemas para lidar com a ansiedade, potencializar os estímulos, a atenção no prazer, dentre os problemas que envolvem a trama da sexualidade.
Autoinjeção peniana
O sujeito injeta na lateral do pênis o medicamento, com isso, aumenta também o fluxo sanguíneo permitindo a ereção.
Terapia intra-uretral
É uma cápsula medicamentosa que quando é inserida na uretra do paciente eleva o fluxo sanguíneo.
Prótese peniana
Em último caso é colocada uma prótese peniana no paciente. Principalmente nos diagnósticos de disfunção erétil orgânica, onde os medicamentos orais ou injetáveis não foram eficazes.
Atividade física
Uma pesquisa publicada no “British Journal of Sports Medicine” enfatiza que o exercício físico deve ser recomendado para os pacientes em tratamento. É evidente que todos os exercícios devem ser supervisionados por um médico. Os resultados da pesquisa demonstraram que a prática de atividades físicas (exercícios aeróbicos com intensidade moderada a vigorosa), melhoram a disfunção erétil.
Discutir é preciso!
Vivemos em uma sociedade falocêntrica em que é determinado que para se ter uma relação sexual excepcional é obrigatório ter o coito, e que o pênis esteja mandativamente presente.
A disfunção erétil precisa ser cada vez mais discutida e abordada nos meios de interações sociais. Precisamos derrubar esse tabu!