Cancros que são conhecidos coletivamente como câncer de cabeça e pescoço geralmente começam nas células escamosas, que revestem as superfícies mucosas e úmidas, dentro da cabeça e do pescoço (por exemplo, dentro da boca, nariz e garganta) respectivamente.
As glândulas salivares também contêm muitos tipos diferentes de células, que podem se tornar cancerosas.
Classificação do câncer de cabeça e pescoço
Estes cancros são classificados pela área da cabeça ou do pescoço em que se iniciam. Veja quais são elas:
- cavidade oral- inclui os lábios, os dois terços da frente da língua, as gengivas, o revestimento interior das bochechas e dos lábios, o pavimento (fundo) da boca, debaixo da língua, o palato duro (“teto” da boca) e a região atrás dos dentes do siso;
- faringe– a faringe é um tubo oco de cerca de 5 centímetros de comprimento, que começa atrás do nariz e leva ao esôfago. Ela pode ser dividida em 3 partes: I. nasofaringe (parte superior da faringe, atrás do nariz); II. orofaringe (parte média da faringe, incluindo o palato mole, a base da língua e as amígdalas); III. hipofaringe (parte inferior da faringe);
- laringe- também chamada de caixa de voz, é uma pequena passagem formada por cartilagem logo abaixo da faringe no pescoço. A laringe contém as cordas vocais. Ela também possui um pequeno pedaço de tecido, chamado epiglote, que se move para cobrir a laringe, impedindo entrada de alimentos nas vias aéreas;
- seios paranasais e cavidade nasal- os seios paranasais são pequenos espaços ocos nos ossos da cabeça ao redor do nariz, já a cavidade nasal é o espaço oco no interior do nariz.
- glândulas salivares- as principais glândulas salivares estão no assoalho da boca e perto do maxilar, sendo responsáveis pelo que o próprio nome já diz, pela produção de saliva.
O que causa câncer da cabeça e pescoço?
O uso de álcool e tabaco (incluindo o tabaco sem fumaça, às vezes chamado de “tabaco de mascar”) são os dois fatores de risco mais importantes para câncer de cabeça e pescoço, especialmente na cavidade oral (orofaringe, hipofaringe e laringe), sendo responsáveis por 75% dos casos.
A infecção por tipos de papilomavírus humano (HPV), especialmente os de tipo 16, é um fator de risco para alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço, principalmente orofaríngeos, que envolvem as tonsilas (amígdalas)ou a base da língua.
Outros fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço são:
- paan (pimenta bétele, apreciada como estimulante e por suas propriedades medicinais) – imigrantes do sudeste da Ásia que usam paan na boca devem estar cientes de que esse hábito tem sido fortemente associado a um risco aumentado de câncer bucal;
- alimentos conservados ou salgados – o consumo de certos alimentos conservados ou salgados durante a infância é um fator de risco para câncer de nasofaringe;
- saúde bucal – má higiene oral e dentes perdidos podem ser fatores de risco fracos para cânceres da cavidade oral. O uso de enxaguatório bucal com alto teor alcoólico é também é um risco, mas não comprovado, para estes cânceres;
- exposição profissional – a exposição ocupacional ao pó de madeira pode interferir na geração de carcinomas, além disso, exposições industriais, incluindo ao amianto, asbesto, fibras sintéticas, materiais têxteis, níquel, formaldeído e cerâmicas têm sido associadas ao câncer de laringe, mas o aumento do risco permanece controverso.
- exposição à radiação – radiação na cabeça e pescoço, é um fator de risco para câncer de glândulas salivares;
- infecção pelo vírus Epstein-Barr – propicia carcinoma nasofaríngeo e câncer das glândulas salivares;
- ancestralidade – a ascendência chinesa em particular é um fator de risco para carcinoma de nasofaringe.
Quais são os sintomas dos cânceres de cabeça e pescoço?
Podem incluir um nódulo ou uma ferida que não cicatriza, dor de garganta que não desaparece, dificuldade de engolir e uma alteração ou rouquidão na voz. Esses sintomas também podem ser causados por outras condições menos graves. É importante consultar um médico ou dentista sobre qualquer um desses sintomas.
Os sintomas que podem afetar áreas específicas incluem:
1. Na cavidade oral
Pode ocorrer uma mancha branca ou vermelha nas gengivas, na língua ou no revestimento da boca, inchaço da mandíbula (que faz com que as próteses se encaixem mal ou se tornem desconfortáveis), sangramento incomum ou dor na boca.
2. Na faringe
Dificuldade para respirar ou falar, dor ao engolir, dor no pescoço ou na garganta que não desaparece, dores de cabeça frequentes, dor ou zumbido nos ouvidos e dificuldade para ouvir.
3. Na laringe
Dor ao engolir ou dor de ouvido.
4. Seios paranasais e cavidade nasal
Seios paranasais bloqueados, infecções sinusais crônicas, que não respondem ao tratamento com antibióticos, sangramento nasal, dores de cabeça constantes, inchaço ou outros problemas oculares, dor nos dentes superiores ou problemas com dentaduras.
5. Glândulas salivares
Inchaço sob o queixo ou ao redor do maxilar, dormência ou paralisia dos músculos do rosto, dor facial, no queixo ou no pescoço que não desaparece.
Quão comuns são os cancros da cabeça e pescoço?
Os cânceres de cabeça e pescoço são responsáveis por pouco menos de 150.000 casos por ano no Brasil, sendo considerados raros. Esses carcinomas são mais de duas vezes mais comuns entre os homens do que entre as mulheres, sendo encontrados na maior parte das vezes em pessoas que possuem mais de 50 anos.
Diagnóstico
Para encontrar a causa dos sinais ou sintomas de um problema na área da cabeça e pescoço, o médico avalia o histórico médico de uma pessoa, realiza um exame físico e solicita exames secundário, variando de acordo com o sintomas.
A análise de uma amostra de tecido microscópica é sempre necessária para confirmar o diagnóstico de câncer.
Se o carcinoma for confirmado, o médico vai querer avaliar o estágio (ou extensão) da doença. A encenação é uma tentativa cuidadosa de descobrir se o câncer se espalhou e, em caso afirmativo, para quais partes do corpo. O estadiamento pode envolver um exame sob anestesia (em uma sala de operação), raios-x, outros procedimentos de imagem e exames laboratoriais. Isso tudo auxilia no planejamento do tratamento.
Como tratar a doença?
O tratamento depende de vários fatores individuais, como a localização exata do tumor, o estágio do câncer, a idade e a saúde da pessoa no geral. Isso pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia direcionada ou uma combinação de vários tratamentos.
Pessoas diagnosticadas com câncer de orofaringe positivo para HPV podem ser tratadas de maneira diferente. Pesquisas recentes mostraram que elas têm um prognóstico melhor e podem se sair bem em tratamentos menos intensos. Um ensaio clínico em andamento está investigando essa questão.
Podemos observar então, de acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, que os tratamentos mais utilizados são:
Procedimentos não-cirúrgicos
- Quimioterapia: mata as células que estão crescendo ou se multiplicando muito rapidamente;
- gastrostomia endoscópica percutânea: utilização de instrumento médico iluminado (endoscópio) para inserir um tubo de alimentação através da parede abdominal até o estômago;
- radioterapia: tratamento que utiliza raios-X e outros raios de alta energia para matar as células anormais.
Procedimentos cirúrgicos
- Laringectomia: remoção cirúrgica total ou parcial da laringe na garganta;
- microcirurgia: cirurgia realizada em vasos sanguíneos e nervos muito pequenos usando um microscópio;
- esvaziamento cervical: remoção cirúrgica dos gânglios linfáticos do pescoço;
- cirurgia de retalho: deslocamento cirúrgico de tecido de uma parte do corpo para outra. Muitas vezes, é feito para reparar uma ferida ou reconstruir tecidos danificados.
Gostou de saber mais sobre o câncer de cabeça e pescoço? Conhece alguém que já sofreu com o problema? Deixe seu comentário aqui no Saudável e Feliz!