A pedra nos rins pode ser muito pequena, as vezes até imperceptível a olho nu, mas a dor provocada pela obstrução desencadeada por ela em boa parte dos casos é enorme.
O que é pedra nos rins?
Também chamada de Urolitíase ou cálculo renal, a pedra nos rins afeta mais de 150.000 pessoas por ano no Brasil, de acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, atingindo principalmente pessoas de 41 a 60 anos.
Pedras nos rins são agrupamentos de cristais ao redor de uma matriz que se desenvolve nos rins. São classificados de acordo com os cristais específicos que compõem e são agrupados em 5 categorias (de mineirais e sais ácidos):
- oxalato de cálcio;
- fosfato de cálcio;
- estruvita;
- ácido úrico;
- cistina.
Ainda sim, a maioria tem como base de formação o oxalato de cálcio.
Sua formação depende de vários fatores, como: alimentação inadequada, mal funcionamento do sistema urinário e predisposição genética. Quem bebe pouca água, também facilita o desenvolvimento das pedras.
Como se forma a pedra nos rins
1. Primeiro passo: nucleação
Íons de cálcio oxalato que foram filtrados pelos rins espontâneamente, se agrupam para formar cristais.
Existem dois tipos de nucleação:
- homogênea: quando cristais de uma mesma composição formam um núcleo;
- heterogênea: cristais que apresentam material orgânico entre os íons.
2. Segundo passo: crescimento
Os cristais formados na nucleação viajam pelos néfrons (menor unidade dos rins, responsável pela filtração e formação da urina) e geralmente se depositam nas papilas renais.
3. Terceiro passo: agregação
O agrupamento desses cristais é a terceira etapa, onde se formam os cálculos.
Os cálculos renais podem produzir ou não a retenção urinária. Uma vez que eles se libertam dos rins, podem se transportar pelo sistema urinário e se depositar no uréter.
Cálculos pequenos são eliminados espontâneamenete pela urina, porém, cálculos maiores podem causar obstruções. Os principais locais de obstrução do uréter são:
- a junção pieloureteral;
- o cruzamento com os vasos ilíacos;
- junção vesicoureteral (é esta obstrução que acaba provocando a dor e a cólica renal, que é mais forte que uma dor de parto, segundo pesquisas).
A dor ocorre principalmente porque o rim continua filtrando urina mas não tem por onde eliminar, fazendo assim com que este órgão se dilate. Por isso então, de acordo com o Dr. Drauzio Varella, não se recomenda a ingestão de água durante o episódio de cólica renal.
Por que algumas pessoas desenvolvem cálculos renais e outras não?
Nos EUA, cerca de 13% dos homens e 7% das mulheres apresentarão um episódio de cólica renal ao longo da vida. Na maioria das vezes, mais especificamente em 78% dos casos os cálculos serão eliminados naturalmente, não necessitando de intervenção cirúrgica.
Após o primeiro episódio de cálculo, a chance de recorrência chega a 50% ao longo de 4 anos. Depois da segunda ocorrência, a chance de se ter novamente é ainda maior.
Um fator crítico é a hipersaturação da urina, pois se ela não ocorrer, os cristais não se formam. Outro fator importante é a deficiência de substâncias inibidoras, como o citrato por exemplo.
Existem algumas doenças metabólicas que provocam a excreção exagerada de alguns sais na urina, como:
- aumento na absorção de cálcio;
- hipercalciúria (excreção de cálcio urinário de 24 horas maior que 300 mg nos homens e maior que 250 mg nas mulheres);
- queda de citrato (por retenção de ácido devido à Acidose Tubular Renal e outras causas metabólicas);
- baixa no pH (por obesidade e resistência à insulina).
Sintomas de pedra nos rins
- dor nas costas;
- dor no flanco (lado da parede abdominal);
- dor forte no abdômen;
- dor na parte lateral corporal;
- dor no testículo (no caso masculino);
- dor ao urinar;
- vontade de fazer xixi com maior frequência;
- sangue na urina;
- vômito;
- calafrios;
- suor;
- sensação de queimação.
Tratamento para pedra nos rins
No momento em que se trata a fase aguda do cálculo, é preciso definir o tamanho da pedra. Isso pode ser detectado através de exames de imagem, como: ultrassom, tomografia, radiografia ou urografia excretora. A partir desse tamanho descobre-se se há chance de eliminação expontânea ou se há necessidade de cirurgia.
Pedras entre 2 a 4 mm têm uma chance de 90% de serem eliminadas pelo organismo, com ajuda de uma boa hidratação e analgesia.
Já pedras de 4 mm a 6 mm possuem uma chance de 60% de serem excretados pelo corpo, sendo menor, mas ainda possível.
Cálculos com mais de 6 mm têm 10% de chance de serem eliminados, tendo como uma boa opção de tratamento a litotripsia (tratamento por ondas de choque, que fragmentam a pedra, transformando o cálculo de 10 mm em 5 pedras de 2 mm, por exemplo). Este procedimento tem uma eficácia de cerca de 70% e o sucesso depende da consistência e localização do cálculo.
Cálculos que possuem mais de 15 mm precisam de cirurgia para retirada. A mais utilizada consiste em uma pequena incisão de aproximadamente 1 cm na área da lombar, com introdução de tubinhos até o interior do rim, onde se localizam os cálculos.
Um equipamento com microcâmera na extremidade inserido e os cálculos são fragmentados e aspirados, com ajuda do equipamento ultrassônico. Esse processo se chama nefrolitotripsia percutânea. (nefro= rim, lito= pedra e trispsia= quebrar).
“Alguns cálculos podem crescer muito e atingir dimensões maiores que 5 ou 6 cm ocupando todo o interior do rim, estando associado a infecção crônica. Estes cálculos são silenciosos, causando poucos sintomas, porém levando a perda da função renal a longo prazo. Muitas vezes o tratamento destes cálculos necessitam de inúmeras cirurgias (nefrolitotripsia percutânea) ou mesmo cirurgias convencionais com abertura do rim.”
— Dr. Paulo Mazili
Outra cirurgia que apareceu atualmente, para tratar as pedras nos rins, é feita através das vias urinárias, sem incisão. Um equipamento flexível e fino é inserido através da uretra, passando pela bexiga, ureter e então, chegando até o rim. Feito isso, os cálculos podem ser fragmentados através de laser, processo chamado de ureterorrenolitotripsia flexível.
Se cálculos que saíram do rim e estão no ureter, a caminho de serem eliminados, pararem no meio do caminho, tornam-se mais perigosos. É necessária uma cirurgia de ureterolitotripsia, feita também pela via urinária, com uma câmera na ponta.
Já sofreu ou conhece alguém que teve a pedra nos rins? Conte esta experiência aqui no Saudável e Feliz!