O tratamento para a incontinência urinária é completamente variado, podendo ser desde exercícios para fortalecer a musculatura pélvica, o uso de fármacos, e em último caso até mesmo uma cirurgia. Novas pesquisas também tem testado tratamentos menos convencionais focados na aquisição do controle miccional.
Incontinência urinária e o corpo feminino
A anatomia do corpo feminino e algumas alterações corporais específicas, fazem com que as mulheres tenham mais chances de desenvolverem incontinência urinária. Veja alguns fatores que aumentam os riscos da incontinência urinária no público feminino:
“Incontinência urinária é uma doença mais frequente no sexo feminino e acomete tanto as mulheres na quinta ou sexta década de vida, quanto mulheres jovens. Atribui-se essa prevalência ao fato de a mulher apresentar, além da uretra, duas folhas naturais na musculatura do assoalho pélvico – o hiato vaginal e o hiato retal -, diferentemente dos homens que apresentam apenas orifício retal. Isso faz com que a dinâmica da pelve feminina seja mais delicada e os aparelhos esfincterianos bastante diferentes nos dois sexos.”
-Fábio Baracat, Urologista.
O problema é comum e causa grande constrangimento, pois a pessoa perde a vontade de rir, sente-se incomodada pelo mau cheiro etc. Em alguns casos, ao espirrar ou tossir a urina sai, e em outros a vontade de urinar é tão intensa que não dá tempo de chegar ao banheiro. Esse problema chega a atingir 10 milhões de brasileiros com idades variadas, sendo muito mais comum em mulheres durante a menopausa.
Que as mulheres são as pessoas que mais sofrem com a incontinência urinária isso já ficou evidente, todavia, existem três tipos que mais afetam o sexo feminino são as incontinências por esforço, por urgência e a mista. Veja o gráfico abaixo:
Existem cinco tipos de incontinências urinárias mais a enurese noturna, para cada tipo existe um tratamento mais adequado e eficaz, pois há determinantes externos e internos que darão as características de cada comportamento miccional.
Incontinência de esforço
Acontece quando a força muscular pélvica não é suficiente para segurar a urina, ou seja, ao tossir, rir, espirrar, fazer atividades físicas ou qualquer outra coisa que coloque a bexiga sob pressão, uma quantidade de urina sairá naturalmente.
“[…] o que mais acomete as mulheres chama-se incontinência urinária de esforço e o sintoma inicial é a perda urinária que ocorre durante o aumento da pressão abdominal.”
-Fábio Baracat, Urologista.
Como tratar a incontinência urinária de esforço
Tonificação do pavimento pélvico
A realização de exercícios físicos para a musculatura pélvica é de grande valia para o tratamento da incontinência urinária de esforço, pois melhora o aspecto do suporte da bexiga e reforça a pressão de fecho da uretra.
Um exame para diagnosticar a situação da musculatura é fundamental para que o fisioterapeuta possa indicar uma série adequada e que traga um bom resultado.
Intervenção farmacológica
São agentes que auxiliam na incontinência de esforço através de inibidores. É recomendado a utilização desse tratamento junto com os exercícios para a musculatura. Estudos comprovaram que essa ação dupla promove melhores resultados.
Intervenção cirúrgica
Quando as intervenções conservadoras e as farmacológicas não dão resultado esperado, o especialista deverá recorrer a cirurgia.
Incontinência funcional
Ocorre quando a pessoa sabe a necessidade de urinar, porém está impossibilitada devido a alguma doença ou complicação que a impeça de ir ao banheiro na hora que precisa.
Incontinência de urgência
Neste caso, o desejo de urinar é tão forte que não se consegue nem chegar ao banheiro, isso pode acontecer até mesmo quando a quantidade de urina na bexiga é pequena.
“O segundo tipo mais frequente é a incontinência urinária de urgência, mais grave do que a de esforço. É a incontinência que as mulheres apresentam quando, em meio às atividades diárias, abrem uma torneira, por exemplo, sentem uma vontade súbita e urgente de ir ao banheiro, mas não conseguem chegar ao sanitário a tempo de evitar a perda de urina.”
-Fábio Baracat, Urologista.
Como tratar a incontinência urinária de urgência
Adaptação da rotina
Algumas alterações podem colaborar na melhoria de vida das utentes. A simples utilização de roupas fáceis de se abrir já proporciona um ganho para a mulher que sofre da incontinência de urgência. Alterar a estrutura do banheiro também é válido. Elevar o vaso sanitário, colocar barras de apoio para as mãos, ou até mesmo fazer o possível para dormir e trabalhar em locais próximos ao WC.
Treino para a bexiga
O treino para a bexiga tem por objetivo aumentar a capacidade da bexiga e minimizar a frequência urinária. Ao longo do treinamento a pessoa adquirirá uma capacidade extra de armazenamento da urina e a bexiga irá se irritar bem menos.
Intervenção farmacológica
O médico pode prescrever os antimuscarínicos e anticolinérgicos para mitigar as atividades do músculo detrusor.
Incontinência por transbordamento
A bexiga está sempre cheia, dessa forma ocorrem vazamentos constantemente, pode acontecer também quando a bexiga não é completamente esvaziada, levando ao gotejamento.
Incontinência mista
São casos em que os sintomas da incontinência podem ser mais de um. Quase sempre as incontinências que aparecem unidas são as de esforço e urgência.
“O terceiro é a incontinência mista que associa a incontinência de esforço à incontinência de urgência. Nesse caso também o principal sintoma é a perda urinária pela uretra sem possibilidade de controle.”
-Fábio Baracat, Urologista.
Como tratar a incontinência urinária mista
Quando é diagnosticado a incontinência urinária mista os especialistas optam por tratar primeiro os sintomas da incontinência que é predominante. Essa recomendação é endossada pelo Comité Internacional de Incontinência.
Enurese noturna
Essa incontinência ocorre durante o sono. A pessoa não consegue controlar a micção quando está dormindo. É muito recorrente o relato de ter sonhado com qualquer coisa relacionado a água é acabar fazendo xixi na cama. As crianças são as mais impactadas pela enurese.
Tratamento comportamental no combate das incontinências urinárias
O tratamento comportamental é embasado na psicologia behaviorista. É suplantada uma análise do comportamento miccional para as utentes. Através do treinamento a pessoa que sofre de incontinência urinária irá se educar e aprenderá novos hábitos urinários.
O treinamento é composto por um diário miccional, exercitação da bexiga, controle do peso corpóreo e da quantidade da ingestão de líquidos. Através dos dados do diário miccional é possível indicar a melhor intervenção, desde exercícios mais eficazes até quais são os horários que a incontinência é mais frequente para se obter um plano de ação.
O especialista irá identificar as contingências na qual o comportamento miccional é função. Os estímulos eliciadores e as suas consequências. É um tratamento experimental que dispensa o uso de uma ação cirúrgica ou fármaco, entretanto, esse tratamento ainda está em caráter experimental.
A premissa básica para quem sofre de incontinência urinária é não deixar a vergonha ser um impedimento na busca por ajuda médica.
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